Esta série investiga as fachadas das galerias de São Paulo, observando possíveis relações entre a arquitetura externa das galerias e a maneira como esta cultura/cidade relaciona-se com a própria arte, com o público e com o mercado, numa perspectiva simbólica passível de leitura nas fachadas das galerias.

Enquanto me preparava para a etapa alemã deste projeto, interessei-me por fotografar as galerias de São Paulo, por três motivos: trata-se do maior mercado de arte do meu país natal (o que pensei que traria uma “cor local” e uma dimensão ainda mais pessoal ao projeto); porque este mercado passava em 2011 por um ótimo momento de crescimento e de aumento do interesse do público brasileiro para as questões do colecionismo e da apreciação da arte (ambas as coisas decorrências do bom momento econômico que o Brasil experimentava naquela época); porque as fachadas das galerias de São Paulo prometiam apresentar (o que de fato se verificou) traços interessantes que se associam tanto à complexa matriz da cultura brasileira, quanto ao estado ainda inicial da configuração de um mercado de arte local, quanto às influências claramente visíveis nas fachadas de algumas galerias, de modelos ideológicos estrangeiros de construção de uma “imagem externa” para a galeria (que podem ser associados também à importação de modelos de gestão do próprio negócio da arte).